Antevejo dores
Tenho os sonhos de Cassandra
A me embalar
E não alivia o fato de que
Na tarde finda
Junto à mesa posta
Haja musica no ar
Prevejo abismos
Tenho os olhos de Tirésias
A me guiar
Caminho na estrada curva
O labirinto no fim
O risco da queda
E a incômoda junção dos muitos
Que dançam em mim
Não tenho, como Édipo, a duvidosa
Absolvição da ignorância
O pequeno diabo em meu ombro
Repete a sempre eterna pergunta: tudo outra vez?
E de longe me chegam as flores do sofrimento
E sua triste fragrância.